RECEBER E DAR
Ontem, discordava de mim um amigo meu (sócio de uma pequena empresa) quando eu defendia a obrigação social das empresas. Parece-me lógico que quando um grupo tira de uma comunidade uma grande quantidade de dinheiro deva contribuir em troca para o bem-estar e educação dessa mesma comunidade. Seria até lógico: uma população educada e saudável tem, geralmente, mais condições financeiras para consumir. Seria, digo.
O que se verifica na prática é que os benefícios circulam numa só direcção. Uns produzem e lucram. Outros consomem e pagam. Esta distribuição de tarefas estaria bem se não fosse escandalosamente desiquilibrada. Se não estivessemos a falar de um país que dispõe de poucos recursos e onde a cultura, a saúde e a educação têm um longo caminho pela frente.
O meu amigo defendia que se as empresas ajudassem as comunidades obteriam disso benefícios para a sua imagem, aumentando a sua competitividade. À pergunta, "quantas empresas assim conheces?", só me pode responder com o nome de 2 (e ainda assim, discutíveis...).
Não vivemos num país generoso. Gostaríamos de viver, mas isso não acontece. A riqueza é distribuída de forma razoável quando a legislação a isso obriga. E, de qualquer modo, não há grande espaço para nos lembrarmos dos outros quando somos diariamente bombardeados com a palavra "crise", ou com frases como "competir de qualquer forma para não ir ao fundo".
Se os nossos políticos não andassem preocupados com manterem os tachos sem fazer ondas, poderiam começar a pensar em formas de obrigar as empresas mais lucrativas a desenvolver projectos que ajudem quem os cerca e consome os seus produtos. Aposto que se fosse obrigatório não tardaríamos a ver patrões com ar satisfeito a posar ao lado dos que menos podem ou têm.
Seria outra vez Natal, no fundo... ;)
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